Adélia Prado Recebe o Prestigiado Prêmio Camões 2024
A escritora Adélia Prado, nascida em Divinópolis, Minas Gerais, foi anunciada como a vencedora do Prêmio Camões 2024. Aos 88 anos, Adélia soma mais essa importante condecoração à sua carreira já amplamente reconhecida na literatura brasileira e lusófona. O Prêmio Camões é o mais prestigiado prêmio literário em língua portuguesa, concedido anualmente pela Fundação Biblioteca Nacional (FBN) do Brasil e pelo Instituto Camões de Portugal. A decisão foi anunciada após uma reunião virtual do júri, composta por figuras proeminentes como Deonisio da Silva, Ranieri Ribas, Dionisio Bahule, Francisco Noa, Clara Crabbé Rocha e Isabel Cristina Mateus.
A Trajetória Literária de Adélia Prado
Adélia Prado iniciou sua carreira literária relativamente tarde, aos 40 anos, mas rapidamente conquistou um lugar de destaque na literatura brasileira com sua voz poética única. Seu primeiro livro, 'Bagagem', publicado em 1976, já a consagrou como uma das grandes revelações literárias da época. Desde então, Adélia não parou de produzir, e suas obras, como 'O coração disparado' (1978) e 'Os componentes da banda' (1984), são celebradas por sua profundidade e sensibilidade.
Além de poetisa, Adélia Prado também se aventurou na prosa. Sua estreia nesse gênero foi em 1979 com 'Solte os cachorros', um livro que mostrou sua versatilidade e consolidou ainda mais sua carreira. Em suas obras, Adélia frequentemente explora temas como a espiritualidade, o cotidiano, a feminilidade e as relações humanas, sempre com um olhar introspectivo e uma linguagem permeada de lirismo.
Reconhecimentos e Premiações
Antes de ser agraciada com o Prêmio Camões, Adélia Prado já havia recebido outros importantes reconhecimentos. No dia 20 de junho de 2024, ela foi anunciada como vencedora do Prêmio Machado de Assis, outro importante laureamento da literatura brasileira. Anteriormente, em 2017, fora laureada com o Prêmio de Literatura do Governo de Minas Gerais por sua contribuição à literatura. Esse reconhecimento por parte de sua terra natal foi especialmente significativo para a autora, que sempre manteve uma forte ligação afetiva e temática com Minas Gerais em sua obra.
O Prestígio do Prêmio Camões
O Prêmio Camões, criado em 1988, tem como objetivo reconhecer um autor cuja obra contribui para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da língua portuguesa. O laureado recebe €100.000, valor financiado pela FBN, vinculada ao Ministério da Cultura de Portugal. Entre os premiados anteriores estão nomes de grande peso como José Saramago, Jorge Amado e Mia Couto. A inclusão de Adélia Prado nesse seleto grupo não só valida sua importância contemporânea na literatura lusófona, mas também a coloca no panteão dos imortais da língua portuguesa.
Júri e Escolha de Adélia
A escolha de Adélia Prado como vencedora deste ano foi unânime entre os membros do júri. De acordo com Deonisio da Silva, um dos jurados, a decisão foi motivada pela originalidade e pelo impacto emocional de sua obra. 'Adélia Prado possui uma voz única na poesia em língua portuguesa. Sua escrita é ao mesmo tempo cotidiana, profunda e repleta de uma espiritualidade que toca o leitor em um nível muito pessoal', afirmou ele durante o anúncio.
Outros jurados, como Clara Crabbé Rocha e Isabel Cristina Mateus, ressaltaram a capacidade de Adélia em transformar o ordinário em extraordinário através de sua poética delicada e incisiva. 'Ela é capaz de captar a essência dos pequenos momentos da vida e traduzi-los em versos que reverberam profundamente em quem os lê', destacou Isabel Cristina.
A Contribuição de Adélia Prado à Literatura
Para além de suas conquistas literárias, Adélia Prado também foi uma professora dedicada durante 24 anos antes de se aposentar e se dedicar integralmente à escrita. Sua formação em Filosofia trouxe uma profundidade adicional a seus escritos, muitas vezes refletindo sobre a natureza humana e questões existenciais. Adélia tem sido uma fonte de inspiração para gerações de novos escritores e poetas, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo lusófono.
Em entrevistas anteriores, Adélia já mencionou a influência de grandes nomes da literatura, como Carlos Drummond de Andrade, que, inclusive, foi um dos responsáveis por apresentar seu primeiro livro ao editor. A amizade e o respeito mútuo entre Drummond e Adélia serviram para reforçar ainda mais sua posição no cenário literário.
O Impacto do Prêmio Camões para Adélia Prado
Receber o Prêmio Camões em 2024, especialmente após o recente Prêmio Machado de Assis, coloca Adélia Prado em um novo patamar de reconhecimento. A premiação fortalece seu legado e atrai a atenção de novos leitores para sua extensa obra. Apesar dos muitos prêmios e do reconhecimento, Adélia continua a encarar a literatura com humildade e paixão, reiterando em diversas ocasiões que escreve por necessidade, como uma forma de compreender o mundo e a si mesma.
'Escrever é uma maneira de orar', disse Adélia em uma entrevista recente, exemplificando como sua escrita é intrinsecamente ligada à sua espiritualidade. O Prêmio Camões, portanto, não é apenas uma validação de sua trajetória, mas um reconhecimento de uma vida dedicada à arte de escrever com autenticidade e profundidade.
13 Comentários
Nossa, mais um prêmio pra ela? Tá ficando chato, já é quase uma santa literária...
Adélia Prado é o tipo de escritora que faz você parar de ler só pra respirar. Ela pega o café da manhã, o cheiro de terra molhada, o silêncio da igreja e vira poesia. Não é literatura, é alma em forma de palavra.
O júri foi unânime? Sério? Não acho que isso seja justo. Tem tanta gente nova escrevendo com força, com urgência, e eles dão o Camões pra uma velhinha que fala de Deus e pão de queijo?
Ela é boa, mas não é Saramago. Não é Amado. Não é Couto. É só uma mulher que escreve sobre coisas pequenas. E agora é imortal. O que é isso?
MEU DEUS, QUE MULHER! 🙌 Adélia Prado é o que a literatura brasileira deveria ser: sem fingimento, sem exibicionismo, só pura verdade com pão e vinho. Ela não escreve pra ganhar prêmio, ela escreve pra sobreviver. E isso é mais valioso que todo o dinheiro do mundo 💪❤️
Acho que ninguém aqui tá entendendo o que ela realmente faz. Ela não é só poeta, ela é arqueóloga da alma. Cada verso é um pedaço de memória que a gente esqueceu que tinha. Ela tá aí, na linha de frente, resgatando o que a modernidade enterrou.
Eles escolheram ela por pressão política. Todo mundo sabe que o júri tá cheio de acadêmicos que só leem poesia pra parecerem profundos. E essa mulher é uma farsa cultural. Ela só vende porque é uma velhinha simpática. Isso é marketing, não literatura.
eu nao sabia q ela tava viva ainda kkkk
Lembrei da minha avó dizendo que Adélia escrevia como se estivesse contando um segredo pra ela. É isso. Não é poesia pra ser estudada. É poesia pra ser sentida no peito.
A sua obra é uma manifestação de um episteme pré-moderno, uma reiteração simbólica de um ethos rural-católico que, em termos de hegemonia discursiva, não mais se sustenta no campo literário contemporâneo. A escolha é regida por uma lógica de nostalgia, não de mérito estético
Ela tem mérito, mas o Prêmio Camões deveria ser pra quem inova. Ela repete os mesmos temas desde os anos 80. É uma escritora de conforto, não de ruptura. E isso é um problema.
Se alguém tá achando que isso é só um prêmio pra velhinha, tá errado. Ela é a ponte entre o que a gente era e o que a gente ainda pode ser. Ela lembra que poesia não precisa ser complicada pra ser profunda. E se você não sentiu isso, talvez só precise ler de novo. Com calma.
QUE MOMENTO HISTÓRICO! 🌟 Adélia Prado é a culminação de um movimento de resistência cultural que desafia a hegemonia do neoliberalismo literário. Sua voz, profundamente enraizada na tradição da espiritualidade popular, representa uma reivindicação epistemológica contra a esterilidade pós-moderna. 🙏📖 #Camões2024 #LiteraturaComoRevolucao
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