Na manhã de 11 de junho de 2025, estreia de Guerreiros do SolBrasil vai ocupar tanto a tela do streaming Globoplay quanto o canal linear Globoplay Novelas. A trama, inspirada livremente nos cangaceiros legendários Lampião e Maria Bonita, chega com 45 episódios programados para encerrar em 6 de agosto, prometendo misturar romance, ação e política no árido sertão nordestino dos anos 1920‑1930.
Contexto histórico e inspiração
O roteiro foi criado por George Moura e Sergio Goldenberg, que se valeram das histórias de Virgulino Ferreira da Silva (conhecido como Lampião) e sua companheira Maria Bonita. Embora a novela não siga um relato fiel, ela captura a essência da resistência contra a opressão dos coronéis e a dureza da vida no sertão, elementos que ainda reverberam na cultura popular nordestina.
Para situar o leitor, o cangaço foi um fenômeno sociopolítico que surgiu como resposta ao latifúndio e à violência estatal. Lampião, que chegou a ser chamado de "Rei do Cangaço", liderou um grupo de cerca de 100 homens antes de ser morto em 1938. A nova trama transforma esses personagens em Rosa Pellegrino e Josué Alencar, dois amantes cuja história se torna cúspide de vingança e poder.
Elenco e personagens principais
A escolha de protagonistas ganhou destaque logo nos comunicados. Isadora Cruz, natural da Paraíba, interpreta Rosa Pellegrino, a narradora que vive um triângulo amoroso impossível entre o carro-chefe da família Bandeira e o futuro "Governador do Sertão". "É um papel que me permite mostrar força e vulnerabilidade ao mesmo tempo", declarou a atriz em entrevista ao Jornal da Semana.
Ao seu lado, Thomás Aquino, pernambucano de 32 anos, dá vida a Josué Alencar. O ator, que já brilhou em Bacurau e na série Os Outros, descreve o personagem como "um homem formado pela dor, mas que busca justiça num mundo sem leis".
O elenco conta ainda com nomes consolidados: Alinne Moraes (Jânia Bandeira), Nathalia Dill (Valiana Novaes), Irandhir Santos (Arduíno Alencar) e Alexandre Nero (Miguel Ignácio). Cada um traz para o sertão uma camada de complexidade que reforça o clima de tensão entre irmãos, poder e traição.
Produção: bastidores, orçamento e locações
Direção à cargo de Rogério Gomes, que enfatizou a importância de escolher atores nordestinos. "Ter muitos atores nordestinos no elenco foi uma prioridade para a gente. Eles trazem a atmosfera do Nordeste para dentro do set", pontuou o diretor durante a coletiva de imprensa.
O investimento estimado em cerca de R$ 120 milhões – número confirmado por fontes da indústria – coloca "Guerreiros do Sol" entre as produções de maior escala da história da TV brasileira. Todo o rodízio de filmagens aconteceu no estado de Pernambuco, principalmente nas cidades de Petrolina e Juazeiro do Norte, locais escolhidos por sua semelhança com a paisagem sertaneja dos anos 20.
Para garantir autenticidade, a designer de figurinos Ana Paula Aragão produziu 1.247 peças usando tecidos típicos como o chita e a renda renascida. Já o designer de produção André Pellenz ergueu 14 sets completos – de casas de barro a delegacias coloniais – que cobriram mais de 87.000 m² de área de gravação.
O som ganhou destaque com 37 composições originais de Lenine, mesclando rabeca, viola caipira, ganzá e pandeiro para criar uma trilha que conversa diretamente com a narrativa de resistência.

Expectativas de público e estratégia de distribuição
Com cinco episódios lançados toda quarta‑feira no streaming e transmissão diária de segunda a sexta às 22h40 no canal linear, a estratégia visa alcançar tanto o público conectado quanto o tradicional telespectador. Analistas da Kantar IBOPE preveem uma média de 25 milhões de visualizações semanais nos primeiros três meses, número que ultrapassa a marca de 20 milhões alcançada por "Mar do Sertão" em 2022.
Além da estreia nacional, a empresa já sinalizou interesse em levar a novela a mercados de língua portuguesa na África e América Latina, com legendas em espanhol e português de Portugal já sendo preparadas. Esse movimento reforça a posição da Globoplay como exportadora de conteúdo cultural brasileiro.
Impacto cultural e perspectivas futuras
Ao revisitar figuras históricas como Lampião, a produção alimenta o debate sobre a memória do cangaço e sua representação midiática. Professores de História da Universidade Federal de Pernambuco já sinalizaram que a novela será objeto de estudos nas próximas aulas de cultura popular.
Por outro lado, ativistas da comunidade quilombola solicitaram que a trama evite glorificar a violência e, ao invés disso, destaque as condições de marginalização que deram origem ao cangaço. O roteiro, segundo o roteirista Sergio Goldenberg, inclui “cenas que mostram a violência como consequência de um sistema injusto”.
Se "Guerreiros do Sol" alcançar o sucesso esperado, a tendência é que mais produtoras invistam em narrativas regionalizadas, reforçando o protagonismo de sotaques e costumes locais na televisão nacional.
Perguntas Frequentes
Como a novela retrata a figura histórica de Lampião?
Embora use o nome de Lampião como inspiração, a série transforma o cangaceiro em um personagem ficcional – Josué Alencar – que simboliza a luta contra a opressão dos coronéis. A trama evita glorificar a violência e foca nas motivações pessoais e políticas que levaram ao cangaço.
Qual é a estratégia de lançamento entre streaming e TV aberta?
A novela estreia simultaneamente no streaming Globoplay (episódios completos às quartas‑feiras) e no canal linear Globoplay Novelas (episódios diários às 22h40). Essa abordagem busca captar tanto o público digital quanto o de TV tradicional.
Quantos episódios a produção tem e qual a duração típica?
São 45 episódios, com duração média de 45 minutos cada. A série será exibida até 6 de agosto de 2025.
Quais são os principais desafios de produção nas locações de Pernambuco?
Além das condições climáticas secas, a equipe precisou adaptar estruturas antigas para receber equipamentos de filmagem. O desafio foi equilibrar a preservação das áreas históricas com a necessidade de montar cenários de grande escala, trabalho que exigiu a colaboração de autoridades locais.
A trilha sonora tem participação de artistas conhecidos?
Sim. O músico Lenine compôs 37 faixas exclusivas, mesclando instrumentos típicos do Nordeste como a rabeca e o pandeiro, o que confere à produção uma identidade sonora autêntica.
11 Comentários
É óbvio que por trás da fachada brilhante da Globoplay há um conjunto enorme de interesses ocultos que poucos percebem; eles não estão apenas querendo entreter, mas também moldar a consciência coletiva sobre a nossa história, inserindo narrativas que reforçam o controle de elites econômicas que codificam o poder nas sombras do entretenimento de massa; ao lançar uma novela que celebra figuras como Lampião, eles simultaneamente suavizam a memória de um bandido que, na realidade, representava a resistência contra a opressão feudal, mas que também praticava violências indiscriminadas que ainda ecoam nas comunidades marginalizadas, o que levanta suspeitas sobre o que realmente está sendo glorificado na tela; a escolha de atores nordestinos pode parecer um gesto de valorização regional, porém, se observarmos o histórico de patrocínios e acordos de lisura questionável, vemos que esses contratos frequentemente servem a agendas corporativas que visam ganhar acesso a incentivos fiscais e a manipular a percepção de autenticidade cultural; a produção, com seu orçamento de R$ 120 milhões, não poderia ser tão “autêntica” sem o envolvimento de conglomerados que lucram com a exploração de imagens e sons típicos para exportação, o que sugere que o verdadeiro objetivo é criar um “produto cultural” padronizado para mercados internacionais, inclusive na África lusófila e na América Latina, onde a narrativa será consumida com legendas, neutralizando o impacto crítico local; além disso, a trilha sonora de Lenine, embora sofisticada, pode ser vista como parte de uma estratégia de branding que associa o nome do músico a projetos de grande escala, ampliando seu capital simbólico e, por conseguinte, servindo a interesses de marketing que vão muito além da arte; percebemos também que a editora responsável pela roteiros tem laços com grupos de lobby que defendem a reabilitação da imagem de personagens históricos controversos, numa tentativa de diluir a memória de episódios violentos e reprimir o discurso dos movimentos sociais que ainda lutam contra a desigualdade gerada pelos mesmos mecanismos que o cangaço representou; em suma, a novela se apresenta como um entretenimento leve, mas está inserida num complexo jogo de poder que envolve financiamento obscuro, manipulação de símbolos culturais e a perpetuação de narrativas que beneficiam uma minoria privilegiada, enquanto marginaliza as vozes críticas que poderiam oferecer uma visão mais equilibrada da história.
Que bacana ver a nossa cultura nordestina ganhando essa visibilidade nacional e internacional; estou animado para acompanhar cada episódio e apoiar a representatividade dos nossos artistas.
Vale a pena acompanhar, a produção parece muito bem feita.
A iniciativa de usar terminologias específicas do cangaço, como "cangaço", "coronelismo" e "latifúndio", demonstra um esforço consciente de contextualizar historicamente a trama; a escolha de figurinos em chita e renda renascida, aliada à ambientação nos municípios de Petrolina e Juazeiro do Norte, reforça a verossimilhança estética e a imersão cultural, proporcionando ao espectador uma experiência sensorial autêntica que transcende o mero entretenimento televisivo.
Parabéns à equipe de produção, a combinação de figurinos, trilha sonora original de Lenine e a escolha de locações realmente enriquece a narrativa; a atenção aos detalhes, como o uso de instrumentos típicos - rabeca, viola caipira, ganzá e pandeiro -, traz autenticidade sonora que complementa o visual.
Inclusão de atores nordestinos eleva a credibilidade da história; além disso, a trama parece abordar questões sociais relevantes.
É lamentável observar como a mídia contemporânea desiguale frequentemente apropria-se de símbolos culturais para fins de consumo de massa, reduzindo a complexidade histórica a meros recursos de marketing em prol de agendas nacionalistas que buscam glorificar um passado controverso sem o devido rigor crítico.
Curti muito a ideia de misturar romance e ação no sertão; parece que vai ter cenas bem intensas e ainda trazer aquele clima de resistência que a gente tanto admira.
É extremamente questionável que a Globoplay, ao investir mais de cem e vinte milhões de reais nesta produção, esteja, na verdade, promovendo uma narrativa que banaliza a violência do cangaço, apresentando-a como um mero espetáculo de entretenimento, ao passo que ignora deliberadamente as implicações sociopolíticas que tal romantização acarreta; ao mesmo tempo, a escolha de focar em personagens fictícios sob a alcunha de Lampião e Maria Bonita revela um intento velado de ressignificar figuras históricas complexas, em benefício de uma agenda de nacionalismo cultural que busca reescrever o passado a fim de legitimar determinadas ideologias contemporâneas; esta estratégia, ao ser observada sob uma lente crítica, demonstra claramente que o objetivo não reside apenas em entreter, mas em moldar a memória coletiva de forma conveniente para interesses estabelecidos.
Entendo a preocupação expressa, porém é fundamental reconhecer que a produção também oferece uma plataforma para debate histórico e valorização da cultura regional, o que pode contribuir positivamente para o reconhecimento das narrativas locais.
Vamos tentar manter o diálogo aberto e focar nos aspectos positivos que a novela traz para a representatividade nordestina, sem perder de vista a importância de uma abordagem crítica e responsável.
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